Palacio da Alvorada; deslumbrante, pensou. 

Pal�cio da Alvorada - Sal�o 

Nicotina

Eu fumo. Muito. Na verdade eu acho sempre fumei, mesmo quando não fumava. Sou ansioso, preocupado com muitas coisas e coisas nenhumas. Política é uma das minhas tolas preocupações. Ás vezes acho que é uma espécie de hobby política: inconseqüente, inócua. Sou assim. Superficial, parcial, reconstruído. Sinais dos tempos tatuados na minha ridícula existência? Talvez.

Sou de sonhos grandiosos. Gostaria de ser político, não nego. Esse documentário mesmo é uma tentativa de saber como “este ninho de mafagafos” , como diria um amigo, funciona. É como se fosse uma “Carta à um jovem político”, mas escrita pelo jovem, político. Mas quando sonho em ser político não sonho com a vereança, sonho já com o Alvorada. E pior, me convenço que tenho todas as características para isso: inteligência, carisma, manha... Não é pouco se chamar Perfeito. É um drama, uma sina.

O que é mais fundamental para mim neste documentário não é o documento. O que estou procurando com esta aventura é o que sou. Tem muito de mim em tudo isso: cinema, política, crítica, show... É o que sou. Nunca encarei isso de frente, essa é minha oportunidade.

A vantagem de tentar me descobrir neste processo é você. Quando existe este outro indefinido; este que me lê, me vê e me ouve sem que eu saiba quem é, muito cuidado é necessário. Não posso apelar para minhas parcelas mais superficiais, tenho que ser, por obrigação, sincero, sob pena de parecer bufão. Palhaço. E eu sou muito vaidoso para jogar minha imagem na lama.

O Roberto Jefferson é meu melhor caminho. Contraditório que é, fico fascinado. Me acho, de certa forma e maneira, parecido com ele. Ele me fisgou. Porque? Essa é a dúvida que me cativa. É um jogo perigoso. É pura sedução; quase erótico. Quem conhece um político sabe que estes homens e mulheres são extremamente sedutores. Eu conheci muitos políticos, mas o Roberto é um outro nível de sedução. Muito mais perigoso.

Espero sair desta inteiro. Entrei de cabeça, as apostas são muito altas. All win. Estou sem emprego, com uma faculdade engasgada na garganta e sem muitos planos. Estou a mercê.
Porém não me abalo. Será que sairei desta na vertical, de joelhos, cordial, feliz, triste, extasiado? Agora sou de mim meu próprio diretor. Quem sabe este jogo de espelhos endiabrados possa ser a forma de ser eu? (silêncio André, essas coisas não se falam. Mais compostura garoto!)