Amizade

Ontem saí com um amigo. Depois de gravarmos algumas cenas do seu curta, fomos ao Filial beber algumas. É um amigo muito querido, daqueles que não é amigo de longa data, mas que se sente uma ligação íntima, como se compartilhássemos algum segredo.

Confesso que fiquei desconcertado com nossa conversa. Tenho uma índole política; gosto de agregar, polemizar, atacar, berrar... Sou do tipo que escreve manifesto e sai espalhando por aí.

Já esse meu amigo nutri uma espécie de silêncio, de economia de gestos, que me quebrou as pernas. Confesso que muito da minha índole política é puro charme, vontade de poder. Caí na cagada de tentar angaria-lo para alguma causa sombria, fruto do meu fundo extremamente emotivo e cofuso, e ele, num gesto extremamente elegante, me deu um Ipon.

Peço desculpas. Não foi por mal esse meu atentado à sinceridade.

Obrigado amigo. Aprendi mais uma. Não vou cometer essa deselegância de novo.

A amizade verdadeira tem dessas coisas; é preciso respeitar, reverenciar. Gosto de acreditar que tenho poucos amigos com quem nutro uma espécie muito antiga de amizade, que tenho com eles uma espécie de irmandade. Para os antigos a amizade entre os homens servia para cada um exaltar e reforçar no outro, suas virtudes. Por isso os adjetivos depois dos nomes: Cícero, o sereno; Marco Aurélio, o justo...

Obrigado de novo, amigo. Desconfio que ainda iremos ter boas e belas conversas pela vida. Saravá!

O Brazil não conheçe o Brasil

E mais uma do nosso Tom: Viver nos EUA é bom, mas é uma merda. Viver no Brasil é uma merda, mas é bom.