A Economia é a arte do encontro... (2002)
Não foram poucas as vezes que o título paródia deste artigo foi uma incontestável verdade. Ainda mais num país pouco ortodoxo como o Brasil, que de juízo econômico só se tem notícias nas últimas décadas. Não que juízo seja uma qualidade muito louvável, mas como dizem nestes trópicos; quem tem, tem medo. E juízo é a qualidade de quem tem: medo.
Mas não é prerrogativa, muito menos privilégio brasileiro, a falta de juízo econômico. A maioria das nações já praticou estripulias dignas de picadeiro. O que permite esta salada russa, economicamente falando, é uma simples constatação: os economistas não sabem o que estão falando. O que eles sabem muito bem é do que estão falando: opções, dívida, juros, aquecimento da demanda entre outros tantos objetos econômicos. Mas preste atenção no que falam, você vai perceber que na maioria das vezes é um amontoado de lugares comuns.
Não, não estou achincalhando minha classe. Economista de verdade sabe que o que digo é verdade. Pergunte a um economista por que o preço de um maço de cigarros é R$2,30. Você fatalmente terá um susto com a explicação, ou por sua simplicidade (o preço é este porque custa algo mais algum de lucro), ou por sua incrível complexidade (o preço é a expressão de uma mercadoria sobre outra na razão que uma reconhece na outra trabalho humano abstrato na mesma proporção).
Esta confusão radical sobre coisa aparentemente tão banal quanto o preço de um maço de cigarros gerou toda sorte de criatividade econômica. Já sei!, grita uma economista no fundo da sala, vamos confiscar toda a poupança nacional, assim acabamos com a inflação. Ninguém vai ter dinheiro, quero só ver a inflação subir. Você está maluca!, retruca outro. Vamos atrelar a moeda a um indexador, depois de algum tempo a gente diz que o indexador virou a moeda e que a moeda que existia não existe mais. Simples. Não raro os problemas econômicos de hoje foram as soluções econômicas de ontem.
A Economia é assim mesmo. E os economistas, coitados, ficam de lá pra cá fazendo malabarismos sob o olhar angustiado da sociedade. No entanto não há culpa nesta estória. Os economistas fazem isso por que a sociedade, morta de medo é bom lembrar, outorgou à nossa classe o monopólio do discurso que faz sentido. Qualquer assunto de séria gravidade é levado a sabatina de um economista, ou correlato. O senhor acha que o terrorismo vai interferir na nossa balança comercial?
O Delfin Neto, como economista que é, resumiu de forma fantástica o conceito de crescimento econômico. Crescimento econômico é como estar apaixonado. Você nunca sabe porque está, só sabe que está. Em larga medida é exatamente isso que um economista pretende quando opina sobre o mundo. Quer arranjar uma namorada? Sugiro fortemente que tome um banho e penteie o cabelo. É isso. Nunca espere de um economista um poema secreto de amor, ou um perfume mágico. Sabe porque? Porque não existem perfumes mágicos. O que existe são humanos, economistas ou não.
É meu amigo. Economia é a arte do encontro, embora haja tanto juro pela vida.
Mas não é prerrogativa, muito menos privilégio brasileiro, a falta de juízo econômico. A maioria das nações já praticou estripulias dignas de picadeiro. O que permite esta salada russa, economicamente falando, é uma simples constatação: os economistas não sabem o que estão falando. O que eles sabem muito bem é do que estão falando: opções, dívida, juros, aquecimento da demanda entre outros tantos objetos econômicos. Mas preste atenção no que falam, você vai perceber que na maioria das vezes é um amontoado de lugares comuns.
Não, não estou achincalhando minha classe. Economista de verdade sabe que o que digo é verdade. Pergunte a um economista por que o preço de um maço de cigarros é R$2,30. Você fatalmente terá um susto com a explicação, ou por sua simplicidade (o preço é este porque custa algo mais algum de lucro), ou por sua incrível complexidade (o preço é a expressão de uma mercadoria sobre outra na razão que uma reconhece na outra trabalho humano abstrato na mesma proporção).
Esta confusão radical sobre coisa aparentemente tão banal quanto o preço de um maço de cigarros gerou toda sorte de criatividade econômica. Já sei!, grita uma economista no fundo da sala, vamos confiscar toda a poupança nacional, assim acabamos com a inflação. Ninguém vai ter dinheiro, quero só ver a inflação subir. Você está maluca!, retruca outro. Vamos atrelar a moeda a um indexador, depois de algum tempo a gente diz que o indexador virou a moeda e que a moeda que existia não existe mais. Simples. Não raro os problemas econômicos de hoje foram as soluções econômicas de ontem.
A Economia é assim mesmo. E os economistas, coitados, ficam de lá pra cá fazendo malabarismos sob o olhar angustiado da sociedade. No entanto não há culpa nesta estória. Os economistas fazem isso por que a sociedade, morta de medo é bom lembrar, outorgou à nossa classe o monopólio do discurso que faz sentido. Qualquer assunto de séria gravidade é levado a sabatina de um economista, ou correlato. O senhor acha que o terrorismo vai interferir na nossa balança comercial?
O Delfin Neto, como economista que é, resumiu de forma fantástica o conceito de crescimento econômico. Crescimento econômico é como estar apaixonado. Você nunca sabe porque está, só sabe que está. Em larga medida é exatamente isso que um economista pretende quando opina sobre o mundo. Quer arranjar uma namorada? Sugiro fortemente que tome um banho e penteie o cabelo. É isso. Nunca espere de um economista um poema secreto de amor, ou um perfume mágico. Sabe porque? Porque não existem perfumes mágicos. O que existe são humanos, economistas ou não.
É meu amigo. Economia é a arte do encontro, embora haja tanto juro pela vida.
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