Política, Kombi e quatro caras armados (Parte 1)
O pouco dinheiro que eu (não) tinha foi de um trabalho que fiz na última campanha municipal para vereador. Fui chamado para organizar a comunicação do comitê de um candidato do PT, na região de Perdizes, bem perto da PUC. Eu estudo lá e isso facilitaria muito as “coisas”. Primeiro não me atrapalharia com os estudos, coisa que não fazia faz um bom tempo. Segundo, eu pensava, a proximidade com a PUC tornaria mais simples a campanha na Pontifícia. E, terceiro, economizaria essa coisa chamada dinheiro pois não teria que ficar me deslocando de lá pra cá.
Mas tinha muito mais coisas que eu nem sabia. Você já participou de alguma campanha política? Não? Meu amigo, eu quase morri. Sério. No duro. Quase morro numa véspera de eleição, mas deixo este causo pra depois.
Pois bem, campanha política é de enlouquecer. Não sei se as outras pessoas passaram por isso, mas eu passei um sufoco terrível. Uma campanha política é uma das tarefas mais estressantes que já vi. Existe um lado pragmático da campanha política que me parece muito próximo do esforço de venda de uma concessionária num fim de semana de “queima de estoque”. É muito parecido mesmo. Tem bandeirinha, folder, panfleto, carro de som, slogans malucos e o principal: metas. Numa campanha política existem muitas metas.
Deixe-me explicar para quem nunca entrou num comitê político, durante uma campanha, como é que funciona.
Um comitê político é geralmente uma casa alugada, de preferência um sobrado, em plena área residencial. O comitê é o centro nervoso de todas as ações durante uma campanha. É lá que fica o estoque de material de campanha, o pessoal da logística, o pessoal que panfleta, o pessoal que coordena, os motoristas das Kombis, a faxineira, a secretária e os correligionários. Imagine uma casa, com pouco móveis, lotada de material de campanha. Pilhas de santinhos na cozinha, centenas de faixas empilhadas na sala de jantar, placas para fixação na porta de garagem amontoadas em baixo de escada; além disso é no comitê que a gente organiza festas, palestras e encontros entre as pessoas do bairro que apóiam o candidato. A música do candidato e da Marta Suplicy tocavam sem parar (Agora é Marta, Marta... às vezes eu sinto frio e medo de madrugada) tocavam sem parar.
Além disso um comitê é freqüentado por todos os malucos do bairro. Tinha uma senhora, no prédio da frente, que era muito sozinha. Não entendi direito, parece que o marido tinha largado ela para casar com outra e seu filho tinha síndrome de down, precisava de cuidados constantes. Dava pra ver a janela do apartamento dela da varanda do comitê. Ela colocou na janela três anões de jardim. Dois ficavam encostados num canto, e outro, de castigo, ficava no outro. Achei estranho mas não perguntei nada. Afinal o que há para explicar quando alguém coloca anões de jardim num apartamento, perto da janela e virados para a rua? Um dia ela explicou. Os dois que ficavam juntos era ela e o filho, e o outro era o ex-marido, que estava longe. Pode parecer besta, mas depois que ouvi aquela explicação fiquei extremamente emocionado. A vida insiste, pensei.
Ela ficava lá no comitê; levava bolo e ficava conversando com as pessoas na varanda. Ficava brava quando a gente atrasava. Eu não dava muita bola, mas nunca proibi que ela entrasse.
Mas tinha muito mais coisas que eu nem sabia. Você já participou de alguma campanha política? Não? Meu amigo, eu quase morri. Sério. No duro. Quase morro numa véspera de eleição, mas deixo este causo pra depois.
Pois bem, campanha política é de enlouquecer. Não sei se as outras pessoas passaram por isso, mas eu passei um sufoco terrível. Uma campanha política é uma das tarefas mais estressantes que já vi. Existe um lado pragmático da campanha política que me parece muito próximo do esforço de venda de uma concessionária num fim de semana de “queima de estoque”. É muito parecido mesmo. Tem bandeirinha, folder, panfleto, carro de som, slogans malucos e o principal: metas. Numa campanha política existem muitas metas.
Deixe-me explicar para quem nunca entrou num comitê político, durante uma campanha, como é que funciona.
Um comitê político é geralmente uma casa alugada, de preferência um sobrado, em plena área residencial. O comitê é o centro nervoso de todas as ações durante uma campanha. É lá que fica o estoque de material de campanha, o pessoal da logística, o pessoal que panfleta, o pessoal que coordena, os motoristas das Kombis, a faxineira, a secretária e os correligionários. Imagine uma casa, com pouco móveis, lotada de material de campanha. Pilhas de santinhos na cozinha, centenas de faixas empilhadas na sala de jantar, placas para fixação na porta de garagem amontoadas em baixo de escada; além disso é no comitê que a gente organiza festas, palestras e encontros entre as pessoas do bairro que apóiam o candidato. A música do candidato e da Marta Suplicy tocavam sem parar (Agora é Marta, Marta... às vezes eu sinto frio e medo de madrugada) tocavam sem parar.
Além disso um comitê é freqüentado por todos os malucos do bairro. Tinha uma senhora, no prédio da frente, que era muito sozinha. Não entendi direito, parece que o marido tinha largado ela para casar com outra e seu filho tinha síndrome de down, precisava de cuidados constantes. Dava pra ver a janela do apartamento dela da varanda do comitê. Ela colocou na janela três anões de jardim. Dois ficavam encostados num canto, e outro, de castigo, ficava no outro. Achei estranho mas não perguntei nada. Afinal o que há para explicar quando alguém coloca anões de jardim num apartamento, perto da janela e virados para a rua? Um dia ela explicou. Os dois que ficavam juntos era ela e o filho, e o outro era o ex-marido, que estava longe. Pode parecer besta, mas depois que ouvi aquela explicação fiquei extremamente emocionado. A vida insiste, pensei.
Ela ficava lá no comitê; levava bolo e ficava conversando com as pessoas na varanda. Ficava brava quando a gente atrasava. Eu não dava muita bola, mas nunca proibi que ela entrasse.
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